Kardec
já alertava que não devemos evitar atribuir todas nossas contrariedades
à ação direta
dos Espíritos, pois em geral elas são conseqüências
de nossa negligência e de nosso descuido.
Desde
os primeiros tempos, o homem sente que a vida não termina com a morte
e que os que se foram não estão tão distantes assim. Inúmeros estudos antropológicos nos mostram que, mesmo nas civilizações
mais primitivas, os homens cultuavam seus antepassados e tinham seus feiticeiros,
pajés e xamãs, numa demonstração clara de que eles
já tinham intuição da existência dos espíritos
e da influência dos mesmos em nossas vidas.
Com
o Espiritismo, essa influência deixou de ser uma mera intuição
para se tornar um fato observado e experimentado com rigores de ciência,
Allan Kardec, ao pesquisar fenômenos antes atribuídos ao maravilhoso
e ao sobrenatural, deparou-se com os Espíritos, as almas dos que aqui
viveram e que ainda continuavam vivos em outra dimensão, mas mesmo assim
podiam se comunicar conosco através de pessoas dotadas de uma faculdade
denominada mediunidade.
Através
dos chamados médiuns, Allan Kardec pôde observar os fenômenos
produzidos pelos Espíritos e também travar diálogos sobre
vários assuntos com eles. Desses diálogos nasceu, a 18 de abril
de 1857, O Livro dos Espíritos, que traz os princípios da Doutrina
Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos
e suas relações com os homens.
Estudando
as relações dos Espíritos com os homens, Allan Kardec pergunta
à espiritualidade: "Os Espíritos influem sobre os nossos
pensamentos e as nossas ações?" E eles respondem: "Nesse
sentido, a sua influência é maior do que supondes, porque muito
freqüentemente são eles
que vos dirigem".
Toda
influência espiritual respeita a afinidade entre os agentes envolvidos
no processo.
Allan
Kardec prossegue no seu diálogo com a espiritualidade e vai desvendando
todos os mecanismos e leis envolvidas no processo de influência dos espíritos.
Ele constata a existência da lei de sintonia e afinidade,
que determina toda a interação entre as dimensões física
e espiritual.
A
Doutrina Espírita é progressiva e progride pelos ensinamentos
dos próprios Espíritos através dos tempos. Nos dias de
hoje, o Espírito Hammed nos ensina que sintonia é o estado em
que se encontram duas pessoas que se acham numa mesma igualdade de emoção,
ponto de vista, crença ou pensamento.
Toda
interferência espiritual acontece respeitando a afinidade entre os agentes
envolvidos no processo. Exemplo: quando pensamos no bem, atraímos quem
é do bem; quando pensamos no mal, atraímos quem é do mal.
Por isso, nos ensina o espírito Manoel Philomeno de Miranda:
"Pelo
pensamento, cada um de nós elege a companhia espiritual que melhor nos
apraz". Concordando com o que também ensina Hammed: "Ninguém
simplesmente 'pega' energias nocivas ou atrai espíritos infelizes de
modo casual ou fortuito. A vida não é injusta. Temos o que merecemos.
Não somos vítimas impotentes vivendo um destino impiedoso. Nada
é por acaso, e todo efeito tem causa. Se estamos sendo foco de algum
tipo de obsessão ou perturbação espiritual, é porque
de alguma forma as provocamos". Escreveu Allan Kardec: "É asssim
que Deus deixa à nossa consciência a escolha da rota que devemos
seguir e a liberdade de ceder a uma ou a outra das influências contrárias
que se exercem sobre nós".
O
aspecto mais importante que precisamos saber sobre a influência espiritual
é que não somos escravos dela e podemos nos desvencilhar da mesma,
bastando para isso apenas nossa própria vontade e determinação.
Vejamos novamente o que nos ensina o diálogo de Allan Kardec com a espiritualidade,
em O Livro dos Espíritos: "Pode o homem se afastar da influência
dos Espíritos que o incitam ao mal? Sim, porque eles só se ligam
aos que os solicitam por seus desejos ou os atraem por seus pensamentos".
Ainda
insiste Allan Kardec: "Pode uma pessoa, por si mesma, afastar os maus espíritos
e se libertar do domínio? Sempre se pode sacudir um jugo, quando se tem
uma vontade firme". Então, conforme podemos ver, sem dúvida
nenhuma, a influência dos Espíritos em nossas vidas existe e pode
nos levar a vários caminhos; porém, nós é que escolhemos
que caminho e até onde vai essa influência.
Pensemos
bem antes de nos colocarmos como vítimas na vida, pois temos aprendido
que nós somos os responsáveis pela felicidade ou infelicidade
que estamos vivendo, e o livre-arbítrio é o grande atributo do
Espírito. É conforme o uso que fazemos dele que impulsionamos
ou não nossa caminhada rumo à evolução.
Influência
é o ato ou efeito de influir. Ação que uma pessoa ou coisa
exerce sobre outra. Tanto com relação aos encarnados quanto aos
desencarnados, quem vai determinar se vai ou não se deixar influenciar
é a própria pessoa. Pensar bem, e no bem, deixa de ser uma norma
moral ou religiosa para ser uma atitude profilática
ou terapêutica, dependendo do caso, no que se refere a viver em
paz do ponto de vista emocional e espiritual.
Para
finalizar, vejamos o que nos diz o Espírito Hammed: "A nosssa melhor
defesa contra os assédios espirituais é a auto-responsabilidade.
Perante as influências negativas, não mais nos tornemos vítimas
ou mártires, dizendo: 'Sou um pobre coitado! Alguém tem de fazer
algo por mim!'; mas sim: 'Como posso transformar essa situação?
Como desenvolver minhas potencialidades? Onde está o 'ponto de deficiência'
que eu preciso mudar? O que posso fazer para ter maior equilíbrio na
vida?"'.
Auto-responsablidade
é assumir a responsabilidade pelo que estam os fazendo da nossa existência,
é saber que Deus já nos deu tudo; é também saber
que os Espíritos não são anjos ou demônios; são
apenas seres como nós, só que fora da carne, mas dentro da vida,
dando prosseguimento ao próprio processo de evolução.
José
Antonio Ferreira da Silva é de Pesqueira. Pernambuco. É expositor
espírita e apresenta um programa espirita de rádio em Pesqueira,
além de colaborar com a divulgação do Espiritismo na imprensa
e sites espíritas.
José
Antonio Ferreira da Silva - Revista Espiritismo e Ciência